O primeiro fato destacado pela economista foi que o modelo atuarial do governo não é transparente. “O problema é que, em eventos, o governo mostra gráficos e tabelas sobre explosão populacional dos idosos, gastos com aposentadoria em relação ao PIB, mas ninguém sabe de onde esses dados foram retirados ou quais as ferramentas utilizadas para alcançar tais números”, afirmou.
Segundo Denise, um estudo comparativo realizado por ela e outros especialistas apontou que o governo tem errado sistematicamente nas previsões das receitas e despesas do sistema de Previdência. “O que percebemos foi que o governo estava sempre subestimando a receita e superestimando o gasto”, explicou.
Outro problema apontado pela professora foi o uso da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2009 nas previsões oficiais. Denise relembrou que 2009 foi o ano no qual o país foi atingido pela crise econômica mundial, teve um PIB negativo e sofreu com a perda de todos os postos de trabalho que havia conquistado no ano anterior. “O governo se utiliza dessa referência de mercado de trabalho para prever os anos de 2040, 2050. Usa-se 2009 para dar o pior resultado possível”, afirma Denise. Ela ainda destacou que, ao usar apenas a PNAD 2009, os números variáveis foram transformados em constantes causando o colapso do modelo atuarial.
“Se o governo não consegue prever nada certo num espaço de 12 anos, como esse mesmo modelo pode ter solidez para prever o resultado da Previdência em 2060?”, questionou a especialista ao apresentar os gráficos que comparam as previsões com os números reais do sistema previdenciário.
Dentre outros assuntos, Denise apresentou cenários futuros com base em cálculos encontrados no livro “A Previdência Social em 2060: as inconsistências do modelo de projeção atuarial do governo brasileiro”, elaborado por ela em conjunto com outros especialistas.
Ao fim, ela destacou que o debate sobre a Reforma da Previdência deve ser feito com cálculos transparentes e modelos consistentes.
Para assistir a palestra completa, clique aqui.
Last modified on Terça, 25 Abril 2017